segunda-feira, junho 13, 2016

Peço-te que ao despertar, antes mesmo que teu corpo voluntariamente se disponha a estar de pé, promovendo os ofícios que te impelem o exercício do devir cotidiano, possa cerrar os olhos e exibir à tua memória a seguinte cena:
Esteja tu diante de mim, nossos corpos alinhados em mesmo eixo, deixando se interpor entre eles nada além do ar aquecido. Quero que dê um passo atrás, desenlace seu abraço, se afastando não mais que a distância com que possa tocar com a ponta dos dedos a minha face.
Estando em minha frente, com ombros à altura e erguidos, mire nos meus olhos. Quero que olhe pra mim como se isso fosse tudo que pudesse possuir nesse momento, as lembranças de minúcias, os detalhes tantas vezes esquecidos. Peço que me encare sem desviar o olhar.
Da tua boca, não espero murmúrios, dissabores, beijos calorosos. Quero o silêncio pronunciado.
Quero as nossas palmas coladas, o suor derramado e único... Essa pequena pausa na loucura do nosso cotidiano.
Não quero promessas. Quero a gente assim, cru, despidos de nossos medos, peito à mostra.
Deixando verter nossos desejos.
Quero sua presença, quando ausente. E saber-te inteiro em meio às tardes que te invoco em pensamento.

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