terça-feira, maio 27, 2008

Meus

Cada qual com seus erros
Seus dilemas e superações.
Eles são tantos, e todos.
[súbitos]

Todo ser ou é humano, ou é cruel.
Eu sou os dois.

sábado, maio 10, 2008

Senhora do silêncio

Hoje eu me senti liberta e inteira. 'Sê inteira e sê só'? Eis a beleza das minhas contradições. Acariciei meus momentos ternamente, como quem cuida do que não é seu. Estive feliz por hoje. Dancei, meu bem, ao som da minha própria voz. Escrevinhei, como digo, e não precisei da tristeza que me era combustível na infertilidade imaginativa. Me fui cativa e improvável. Sorri, vi pôr de sol sem sol...
...vi a chuva, sem possuí-la.

Eu tenho desejos de escrever a cada minuto. De declarar meu estado pretencioso de espirito lúcido. E deves se perguntar como adquiri essa afeição aos últimos dias de um tempo em que não creio..o fim de algo eterno... de um ciclo anual... Meu bem, são as improbabilidades! São as surpresas, as idéias subversivamente álacres!
Eu estou alarmada. Encantada por um mundo suavemente desconhecido. Isso me instiga. Me devoraria, se dentes possuisse. Mas possui um vazio. Não ocre, como um fardo fatigado. Mas um vazio libertino. Onde meus olhos são janelas, e meus dedos são meios. Minhas loucuras brotam-me como fonte indubitável de água corrente insípida e potável.
Tento pôr fim a esse descontrole emocional, mas minhas mãos são mais fortes. Mais fortes talvez até que meus próprios pensamentos. Elas tendem a me guiar, mesmo quando há o medo. Elas buscam o caminho através do tato, e das aspirações.
Sei que isso não passa de um mar de situações. Acreditei ter me cegado, tamanho era a clareira provocada pela casualidade fraternal. Mas a luz, que antes me cegaria, me propôs a visão tenra, e eu aceitei. Estou mergulhada, em meio a heteronômios desconhecidos, num habitat ilógico e imaterial, desconversando sobre sentimentos que 'eles' desconhecem. Mas tem sido muito bom pra mim.

domingo, maio 04, 2008

Tinta de pele é tinta de corpo inteiro.
Camufla o que queremos esconder.
Pinta a verdade e a mentira.
Pinta a tinta que já há.

Pinto o meu rosto, e escondo o que mostro ao mundo.
Pinto de carmim, cor de vento e de fumaça.
Risco e borro a minha maquiagem de ser, que eu refaço todas as manhãs.
Escondo as marcas da minha velhice de sem-anos,
de uma vida inteira e de uma alma meia.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Volta inteira

a cada minuto eu corro.
sigo a rota de um futuro demarcado, predestinado,
que fugia há tempos.

sigo os passos que encontrei no caminho,
mal sabendo que eram meus próprios passos, por
ter andado dando voltas em torno de mim.

piso o mesmo chão, sofro com as mesmas tenacidades, e continuo.
recontinuo.
num espaço circular, onde não há início.
o fim talvez seja sua própria forma.
mas, assim como o tempo, é o vazio existente.
é um determinismo cheio de ausência.

sigo-me, sem ser capaz de esbarrar de encontro com minha parte que segue à frente.
mas observo-a d'um angulo onde não há mentiras nem suspense,
pois quem vê o mundo de costas não pode tocar-lhe a face.