sábado, dezembro 23, 2006

Fulgor

Os meus olhos que tudo vêem ja não são mais os mesmos.
Se negam a ver o presente, o real incômodo dos meus dias sem você.
Meus grandes olhos pretos. Olhos de bola. Olhos de bolha.
Que antes viam tudo, apenas viam. Indolor. Incolor.
Mas agora, tudo dói. Machuca. Me rasga.
É inévitavel não ver o que está diante dos meus olhos. Mas eu os fecho.
Pelo máximo de tempo que me é capaz. Até eu não aguentar mais a escuridão.
Ela me dá medo. Mas não tanto medo quanto abrir os olhos e aceitar os fatos, o que é real.
Eu tenho muito medo do claro, da luz que me cega.
Me incomoda, me queima a retina, me acende tudo, até a alma.
Mas não quero o clarão. Quero ficar só, no escuro, eu e meus olhos.
Adormecidos agora. Apertados, pra não ver tudo.
Porque às vezes é do nada que eu preciso.
E, para isso, basta eu fechar os olhos.

Um comentário:

Anônimo disse...

te amo
eu também quero fechar os olhos e ver
=x


"saramago nos lembra, nesse livro, a responsabilidade de ter olhos quando ninguém mais pode ver"

do livro que eu li ;D