Às vezes as coisas só param de fazer sentido, de
significar. A importância outrora relegada àquela causa, hoje perpassa a
insignificância, beirando a quase nada, um anteprojeto dos sentidos. Aquela
memória que fazia estremecer não era senão uma lembrança de outras memórias,
que minha cabeça fez favor de transformar em suas. Porque nada vivemos digno de lembranças
eternizadas. Nenhum momento foi sequer um momento pelo qual se exclama
"deste, devo me recordar por toda vida". Não, foi tudo o cúmulo do
banal. Foi uma sequência de acontecimentos, que despertaram algo adormecido em
mim, nem por isso dignos de infinitude. Queria eu saber eternizar o que tem pra
ser. Mas minha memória sofre desse mal, de reter o inútil, o que não deveria sem lembrado nem em duzentas
vidas. Duzentas vidas não valem o peso do agora.
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